O outono é a estação da transição, do que se está para o que virá, e faz todo sentido iniciarmos o ano nesse período, como acontece na astrologia e em alguns calendários, especialmente os xamânicos. Para essas tradições, esse equinócio marca o ponto de partida, o início de um novo ciclo.
Quando buscamos organizar, criar uma lógica ou estabelecer uma ordem, precisamos primeiro desorganizar. É necessário abrir o leque de possibilidades para enxergar o todo e entender o que precisa ser feito. Criamos, então, um pequeno caos — seja de ideias desconexas, pilhas de roupas, objetos espalhados ou situações aparentemente aleatórias. E é nesse pequeno caos que encontramos o caminho para a arrumação, a ordem, o traçar de um novo plano.
Assim como as árvores no outono, precisamos sacudir as folhas, deixar cair o que está velho e descartar o que já não nos serve para a próxima estação. É o momento de se libertar de apegos que aprisionam a mente, de ideias pré-concebidas que geram dor e tristeza, e abrir espaço para a renovação. É tempo de criar novos laços e vislumbrar novos rumos.
Para a natureza, o outono é a estação das frutas, o período propício para armazenar alimento para o inverno. É hora de recarregar as energias com a luz do Sol, que aquece e conforta sem o ardor intenso do verão. A sabedoria infinita da Criação nos prepara, pouco a pouco, para a estação mais fria do ciclo.
No outono, o momento é de descarte, de leveza, de reabastecimento energético. Assim, no recolhimento do inverno, podemos realizar as verdadeiras transformações, elaborar o novo plano que tomará forma e nascerá na primavera — a estação da manifestação, a estação Shakti —, para que, no verão, possamos movimentar todo esse novo.
É… é verdade: algumas coisas só acontecem no outono.
Sathya (Marili Miranda)