As borboletas e as Mariposas têm em sua essência a natureza da metamorfose, ambas de lagartas rastejantes criam asas e alçam vôo ao infinito da capacidade de sua transformação e apesar dos hábitos aparentemente distintos são atraídas pela Luz.
As borboletas banham seus frágeis corpos e suas asas reluzentes e multicoloridas ao Sol, pousam em flores e se perdem na imensidão verdejante do dia, na naturalidade de ser borboleta.
As mariposas carregam seus pesados corpos com asas igualmente coloridas noite a dentro e se refugiam nos troncos das árvores disfarçadas em seus enigmáticos padrões de apresentação até encontrar uma luz.
A borboleta vive na luz, na claridade, as Mariposas buscam a Luz e sentem tanto amor e tanta necessidade dela que partem aflitas, afoitas e desesperadas ao seu encontro sem se preocupar com o destino de suas asas, com sua vida, querem somente sentir o calor e a vibração que aquela visão lhe oferece.
As mariposas querem tanto a Luz que morrem por ela e a maior metamorfose que pode acontecer é a da Mariposa conseguir se transformar em borboleta para viver ao Sol.
O Sol Alado, o Sol de Penas, o Sol da Sagrada Tradição por brilhar na escuridão atrai muitas Mariposas, Mariposas de todos os tipos, cores, tamanhos, atrai até Mariposas disfarçadas de borboletas e Mariposas que acreditam que são borboletas.
O Sol apenas brilha e oferece a sua luz, seu calor e o elixir da transmutação da floresta e proporciona as Mariposas que ele atraiu a oportunidade de realizar essa fantástica metamorfose.
Ativar o gene de borboleta que existe dentro de toda Mariposa é uma tarefa muito cuidadosa, cheia de detalhes e que requer muita paciência e atenção da Mariposa pois o Sol somente pode brilhar intensamente, mostrando que ele está ali, simplesmente iluminando o caminho.
Chegar perto do Sol e se transformar em borboleta, resplandecer em Luz e espalhar o calor do Sol com novas asas depende da Natureza, dos desejos e das crenças internas da Mariposa.
Se disfarçar de borboleta ou não se reconhecer como Mariposa pode queimar profundamente suas asas, pois não foi dada a elas o devido tempo de transformação e sem asas, rastejantes, apenas se aquecem do calor do Sol sem de fato compreender o que é Ser e Resplandecer Luz.
Querer chegar ao centro do Sol de qualquer jeito, de qualquer maneira, acreditando serem capazes de subverter e absorver sua irradiação sem o mínimo cuidado e cautela além das asas queima seu corpo tão intensamente que pode destruir toda e qualquer capacidade de regeneração, muitas vão precisar viver longe do Sol, sentindo apenas um vento quente, em incapazes ou demoradas regeneração.
As mariposas que buscam reconhecer sua Natureza perto do Sol se aproximam com cautela, vão vencendo aos poucos a escuridão de suas entranhas, adaptando seus olhos e seu corpo ao intenso brilho do Sol, esquentando suas asas e sentindo o fluir da metamorfose em sua essência, até que suas asas reluzem e elas passam a ser leves como as penas brancas de um cocar e começam a emanar o calor que tanto buscaram.
As mariposas que se transformam em borboletas podem ser encontradas facilmente durante as noites em locais de devoção, pousadas serenamente nos braços de Shiva.
Sathya (Marili Miranda)